A repetição dos exercícios – uma prática Montessoriana

Observando crianças e adolescentes em suas práticas escolares, podemos perceber a importância de se construir uma rotina. A construção da rotina no grupo é um exercício disciplinar, que envolve prioridades, opções, adequações às necessidades e dosagem das atividades.

Na escola Montessori, a criança aprende a executar tarefas e tem a oportunidade de se tornar cada vez mais independente. Aprende a escolher, a selecionar prioridades, a julgar e expor o seu ponto de vista.

Como ser pensante, curioso e questionador, a criança pode vivenciar desafios que lhes possibilitem o exercício de habilidades mentais. Ela é sensível à ordem, à precisão, à atividade motora, à repetição. É pela repetição dos exercícios que se tem a oportunidade da experiência. Essa atividade favorece a exploração dos Materiais, o sentido da observação, a atenção e a concentração nos movimentos, além da calma. Na seqüência dos anos, tais experiências são aperfeiçoadas e continuam essenciais no desenvolvimento da inteligência.

Na rotina Montessoriana, a criança sente a necessidade de repetir os Materiais até que abstraia o conceito e explore o maior número de atributos dos mesmos. Muitas vezes, confundimos o repetir o material como atitude de dependência ou comodismo da criança, entretanto este é o momento da exploração e da aquisição de conhecimentos. É imprescindível respeitar o ritmo e a necessidade de cada criança. Afinal esta é uma das “leis” do Sistema Montessoriano.

Ensina-se a criança a escovar os dentes, a lavar as mãos, a pentear os cabelos, a guardar os objetos pessoais, a organizar o ambiente e a ler e escrever. A repetição dessas atividades possibilita novas descobertas, inclusive de movimentos mais precisos e elaborados. É muito comum o pedido da criança para que os pais ou a professora contem novamente a mesma história. A repetição é uma necessidade no processo de aprendizagem, em qualquer idade, e por isso, assistimos a esse mesmo movimento na escola – com todos os Materiais de Desenvolvimento (Sensorial e Vida Prática) e com os da aquisição da Cultura (Linguagem, Matemática, História, Geografia e Ciências).

Também na fase adulta, estes movimentos são executados de forma repetitiva como fenômeno aprendido e desenvolvido, porém com perfeição, cada vez maior, refinando assim, os diversos comportamentos. Quando um adulto aprende uma nova receita culinária, ou está diante das regras para a utilização de um equipamento novo, precisará, além de ler o manual, ou ouvir explicações, exercitar várias vezes até que domine o “novo” conhecimento, e sinta-se seguro para utilizá-lo, e depois de algum tempo possa até fazer “algumas modificações”, associando-o com conhecimentos prévios.

Sendo assim, o movimento da repetição tem grande importância no desenvolvimento mental, em função da ação que ocorre. E os exercícios repetidos proporcionam uma experiência e um aperfeiçoamento, sendo necessário em qualquer idade.

Montessori afirma, não só em linha teórica, mas também pela prática de seu método, que existe no ser humano e, é claro na criança, de forma preponderante, um impulso vital, interior, que estimula o desenvolvimento pela experiência da rotina.

Marcia Fatureto – Diretora Pedagógica

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